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A linha desenha as palavras que constrói!

 

A exposição de BEATRIZ HORTA CORREIA, propõe-nos uma reflexão visual sobre a importância da palavra. Das palavras e da escrita como objetos artísticos.

As palavras têm significado e substância própria. 

As palavras aqui encontram outras expressões, que requerem ser descobertas pela mão de Beatriz, nos diversos contextos e no encontro com a realidade do visitante que é “leitor”.

As palavras desenhadas, resultantes de um grafismo a todos comum, transportam-nos para o universo de conhecimento afetivo e sensorial de Beatriz, num processo e manuseamento criativo que marca este trabalho.

A subtileza é decisiva no modo como Beatriz se confronta com o papel, suporte e base deste trabalho, que nos eleva para a relação triangular entre desenho, escrita e arte, nas representações e formas que se encontram nos livros “gráficos” onde o seu pensamento é desenhado enquanto forma de expressão artística – livros de artista.

A tridimensionalidade que as obras comportam resulta da carga sensorial que carregam e da apropriação do papel como suporte privilegiado.

A escrita desenhada encaminha tranquilamente o pensamento, para lermos esta mostra como objetos que se querem atentamente observados. Através de todos os nossos sentidos os “objetos” aguardam que se olhe para cada um como se o tempo tivesse parado, num permanente contraste com a pressa dos tempos das tecnologias que vivemos que ditam pensamentos e emoções imediatistas.

Ao deambular entre a linha, o desenho e a palavra, entre a construção/desconstrução, em volta do vazio e do cheio, do conteúdo e da forma, do visível e do invisível somos conduzidos a reinterpretar o significado imagético das linhas e das palavras.

As obras superam o seu sentido factual pela carga sensorial que comportam, ganhando a tridimensionalidade e expressão provocatória que as palavras requerem como uma das formas mais relevantes na comunicação humana.

A escrita é arte e, a arte lê-se nos traços da escrita da Beatriz.

 

Ana Calçada

Maio 2024

Exposição O tempo não apaga, 2024

Festival Read on, Solar dos Zagallos, AlmadaSobreda

Curadoria de Ana Calçada

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